Os Xutos andaram numa roda viva a dar entrevistas no dia do aniversário dos 30 anos.Aqui fica um apanhado dos vários programas
Telejornal Tvi - Tim e Cabeleira(sim leram bem :) )numa curta entrevista em directo para o telejornal da Tvi
Reportagem de um programa humoristico da Tvi(não me lembro do nome)em que o Zé Pedro(o da TV) andou a fazer das dele,muito engraçado
Reportagem do "Top+" na festa dos 30 anos
Reportagem do "Só Visto" na festa dos 30 anos
Reportagem do "Cartaz Sic" na festa dos 30 anos
Reportagem do "Fama Show" na festa dos 30 anos
Podrezinho??????
Gordo????????
Sempre a rir????????
Advinhem de quem falo lolololol
2009-01-28
"Quem é Quem"
Aí está o clip do 1º single do novo album ainda sem nome mas com data de edição para fins de Março.Sinceramente gostei,quer dizer adorei,mais uma grande malha a juntar a tantas outras que eles têm
2009-01-13
Especial Xutos no Correio da Manhã
O 1º concerto:
“Tínhamos feito só um ensaio”
A 13 de Janeiro de 1979 os Xutos & Pontapés pisaram pela primeira vez um palco, nos Alunos de Apolo, Lisboa. Um estoiro que assinalou o arranque de uma carreira prestes a completar 30 anos.
"Era o último concerto dos Faíscas e o Pedro Ayres Magalhães desafiou-nos. Ele queria que esta nova banda se estreasse ali", lembrou Zé Pedro. "Tínhamos feito só um ensaio, onde nos conhecemos todos, e o concerto surgiu em cima da hora. O Kalu tinha tido a primeira semana de tropa e, como não o conseguimos avisar, fui buscá-lo ao ralis, numa Vespa" recordou. Em palco, os Xutos fizeram história, ao tocarem "quatro temas em seis minutos: ‘Morte Lenta’, ‘Dados Viciados’, ‘Cão-Polícia, Cão’ e ‘Guerrilheiro Urbano’", lembraram.
"No fim perguntaram-me: ‘Então, já acabaram de afinar?’", lançou Kalu. Trinta anos depois, os Xutos lembram bem aquela sexta-feira. "Não houve reacção do público. Foi muito rápido", lembrou Zé Pedro. "No fim fomos festejar que haveríamos de ser a melhor banda do Mundo e que aquilo tinha sido só o começo", acrescentou. "Lembro-me de que alguém disse que éramos muito à frente, que tínhamos um som do ano 2000", lembrou Kalu.
"EXEMPLO RARO DE QUALIDADE E PERSEVERANÇA" (António Feio, Actor)
Acompanhei os Xutos desde o início e são, neste momento, uma das maiores referências do rock português. Pelo seu percurso, pela sua discografia, os Xutos são um exemplo raro de qualidade e de perseverança. Considero-me fã e acompanho o que eles vão fazendo, além de ser um grande amigo do Zé Pedro, com quem tenho grande afinidade.
Luís Figueiredo Silva
"Semen" passou na Radio Renascença
"Foi a primeira vez que entrámos num estúdio de gravação", lembra Zé Pedro, referindo-se ao primeiro registo discográfico dos Xutos & Pontapés. Foi em 1981, com ‘Toca e Foge’, que saiu no Verão de 1982.
"Gravámos logo quatro músicas num fim-de-semana. O [António] Sérgio foi à nossa sala de ensaios e escolheu os temas. Ele era o responsável da editora Rotação, que era um selo dentro da Rossil, do António Sala", acrescenta o músico.
Ao contrário do que é opinião comum, o polémico tema não foi vetado pela Rádio Renascença (RR). "Até estávamos bem cotados porque eles tinham um programa de maquetas e o ‘Sémen’ passava", lança Zé Pedro. "O tema não entrava na programação oficial da RR, mas a reacção maior e mais negativa foi com o ‘Avé Maria’. Esse é que não passava mesmo. Até aí não chateavam muito", lembra Tim.
Zé Pedro recorda ainda quando foi entregar uma cassete a António Sérgio, o radialista que apostou nos Xutos & Pontapés e nas primeiras gravações da banda que agora está prestes a celebrar o 30º aniversário: "Foi a única pessoa a quem entregámos a gravação de um ensaio".
"Fomos lá os dois e estivemos uma meia hora à espera dele na rádio", acrescenta Kalu. "Aí o Sérgio ficou com as orelhas em pé e quando apareceu esse selo da Rossil ele ficou logo muito interessado."
"ELES SABIAM MUITO BEM O QUE QUERIAM" (António Sérgio, Radialista)
É uma felicidade e uma festinha no ego ter ficado ligado à sua carreira mas se não fosse eu seria outro, de tal forma era evidente o seu talento. Comecei por ouvir uma cassetezinha miserável e mal gravada mas que tinha, entre oito temas, o ‘Sémen’. Só esse era uma mostra da força da banda. Eles sabiam muito bem o que queriam. Nem alguém muito surdo ia conseguir parar os Xutos. E a magia continua."
Luís Figueiredo Silva
Banda foi um trio durante meio ano
Em Maio de 1983, após a saída de Francis – Zé Leonel abandonara dois anos antes –, os Xutos & Pontapés ficaram reduzidos a trio. No entanto, Tim garante que o projecto "nunca esteve na corda bamba". "Pelo contrário", afirma o vocalista. "Ajudávamos-nos muito. Tínhamos a consciência de que funcionávamos bem como secção rítmica e íamos pondo pessoas a tocar connosco", lembra Tim. "Foi nessa fase que o [guitarrista João] Cabeleira nos ia ver por aí fora", acrescenta Kalu.
João Cabeleira pega na deixa e confessa as primeiras impressões que a banda lhe deixou: "A primeira vez que os vi foi em Alfama ["Não foi nada, foi na Mouraria", desmente o saxofonista Gui] e não achei nada de especial. Estavam a tocar com instrumentos de não sei quem e aquilo estava tudo desafinado. Mas a segunda vez que os vi, numa colectividade qualquer, aí foi demais, foi muito bom", recorda quem era então um dos Vodka Laranja e juntou-se aos Xutos & Pontapés a 22 de Novembro de 1983, permitindo que a banda lisboeta voltasse a ser um quarteto.
"Apesar de sermos só três aquilo funcionava", diz Tim. "Tínhamos as coisas organizadas de modo a podermos resistir a tudo. As músicas que estávamos fazer permitiam isso. A coisa ia rolando, estávamos a desbundar sem ter aquela coisa de tema fixo. Foi assim durante uns seis meses", recorda o vocalista.
CAIS DO SODRÉ
Nessa altura, João Cabeleira era um espectador atento e não perdia um concerto dos Xutos & Pontapés. "Tocámos uma vez no Noruega [bar do Cais do Sodré]", lança Gui. "Só fui ver. Não toquei nada", esclarece Cabeleira. "Não?", questiona Gui. Zé Pedro saca da memória: "Nessa altura já ensaiávamos juntos mas ele ainda não tocava ao vivo. Foi uma fase mais descontraída. A seguir passámos à fase do ‘Remar Remar’."
"HOJE SOMOS AMIGOS" (António M. Ribeiro, Voz dos UHF)
Lembro-me de haver alguma rivalidade entre os Xutos e os UHF, apesar de eles serem mais punk e nós mais rock, e de haver faísca quando eu e o Zé Leonel nos cruzávamos... Hoje somos amigos mas em 1979 não! Mas, como o que todos queríamos era tocar, até instrumentos trocámos e chegámos a tocar juntos, com os Xutos a fazer primeiras partes dos UHF, tal como nós fizemos, anos antes, as dos Aqui del-Rock."
Luís Figueiredo Silva
O Rock português já tinha desaparecido
Com ‘Circo de Feras’, terceiro álbum, lançado em Fevereiro de 1987, os Xutos disparam definitivamente rumo ao estrelato, após dois anos (1985 e 1986) em que consolidaram a popularidade e cruzaram pela primeira vez a fronteira para vários concertos em Espanha.
João Cabeleira (guitarra) e Gui (saxofones) estavam perfeitamente integrados, e com contrato com uma major, a Polygram, os Xutos sobrevivem ao boom de poucos anos antes. 'Por essa altura, o rock português já tinha desaparecido', recorda o vocalista. 'A malta estava com 20 e tais anos e tinha de fazer opções: ou eram músicos ou iam fazer outra coisa qualquer e aquilo acabava. Não foi o nosso caso', lembrou.
Os Xutos percorrem então o País em digressão, mas, recorda Tim, não eram os ‘maiores’. 'Os GNR estavam sempre um pouco à frente. Tinham singles mais populares, mais airplay', diz. 'Estavam há mais tempo numa editora grande', acrescenta Zé Pedro, salientando o maior apoio e promoção que uma major proporciona. 'Os Xutos andavam lá perto, mas o êxito relativo do ‘Circo de Feras’ serviu foi para dar mais concertos', dispara Tim. Após o single ‘A Casinha’, lançado em Dezembro de 1987 (vendeu perto de cem mil), os Xutos entram em 1988, gravam novo disco, ‘88’e fazem-se de novo à estrada para a maior digressão de um grupo rock em Portugal, com 60 concertos para mais de 240 mil pessoas. No final, no Pavilhão do Restelo, Lisboa, gravam ‘Xutos ao Vivo’, 'o único triplo álbum do rock português', afirmou Zé Pedro.
COMENTÁRIO
'HAVIA UMA RIVALIDADE, MAS ERA MUITO SAUDÁVEL': RUI REININHO, MÚSICO
'Havia rivalidade, mas era muito saudável. Nunca houve atritos de qualquer espécie. Lembro-me de uma vez, na Póvoa [do Varzim] em que eles estavam atrasados e nos pediram [aos GNR] para fazermos a primeira parte. E nós fizemos, sem qualquer problema, o que é sintoma de uma boa camaradagem. Tenho uma relação fantástica com os Xutos, o Zé Pedro toca no meu disco. E vou lá estar dia 13 na festa dos 30 anos. Xutos para sempre.'
Luís Figueiredo Silva
“Compararam-nos com o Marco Paulo”
Depois de celebrarem o 10º aniversário, em 1989, ano em que tocaram para um milhão de pessoas, de Macau a França, passando pela Suíça, Luxemburgo e, claro, Portugal, os Xutos entraram em 1990 a preparar novo álbum. ‘Gritos Mudos’ leva a banda ao Brasil mas no regresso “as coisas começaram a encalhar”, recorda Tim. “Quando chegámos levámos forte e feio”, lembrou Zé Pedro. “As críticas foram muito más em quase todo o lado. Chegaram a comparar o disco [‘Gritos Mudos’] ao do Marco Paulo”, acrescentou.
'Houve alguma falta de orientação. Tentámos entrar outra vez pela porta grande e quando chegámos do Brasil para estrear o álbum fomos para França [1ª Bienal do Rock, em Toulouse], onde tínhamos lançado uma colectânea de título ‘90’, que não deu em nada. Tocámos com Mano Negra e quando voltámos começámos a digressão, lembro-me perfeitamente, a chover a potes', recordou Tim. 'As datas estavam um pouco atamancadas, foi um pouco estranho. As coisas iam rolando mas um pouco mal estruturadas. O vídeo também correu mal. Estavam a vender-se televisões a cores e filmou-se a preto e branco', acrescentou.
'Por outro lado, a Polygram já tinha mais artistas nacionais e a promoção foi a normal', lembrou ainda. 'E isso começou a fazer-nos mal à cabeça', atirou Zé Pedro, justificando a paragem da banda em 1991.
COMENTÁRIO
'TENHO UM VINIL HISTÓRICO DO 'TOQUE E FOGE'’' (José Luís Peixoto, escritor)
Os Xutos têm ajudado a fazer a história da música. Para isso, contribuiu o facto da banda ser indissociável dos seus elementos: o Zé Pedro, mais punk; o Tim, mais pop; e o Cabeleira, mais misterioso. Antes do som, seduziu-me a atitude irreverente mas o que fez de mim incondicional foi ‘Circo de Feras’, do fim dos anos 80. E descobri este ano que tenho um vinil histórico da banda:’Toca e Foge’, de 1982.
Luís Figueiredo Silva
Diferença em palco é trunfo
Os Xutos & Pontapés nasceram no palco e, ainda que poucos tenham reparado na primeira prestação, a banda faz questão de impressionar a cada concerto. Profissionalismo, competência e respeito pelos fãs são aspectos que os Xutos não descuram nunca.
"O grande responsável por essa parte é o Kalu", revela Tim. "Ele acha que um concerto tem de ter uma imagem forte. Quando abrimos um espectáculo, aquela imagem tem de ficar, é com essa imagem que o público vai ficar. É uma preocupação que temos: a entrada tem de ser uma coisa que faça a diferença."
Segundo os Xutos, entrar forte não é a única preocupação que têm sempre que sobem a um palco. "A entrada forte acaba por condicionar um pouco o desenrolar do concerto", lança Tim.
"Tem que haver outros momentos fortes, pequenas coisas, como as bolas ou as strippers no Estádio de Alvalade [em 1993]", acrescenta Kalu. "São pequenas coisas que vamos fazendo, e a verdade é que nunca estamos satisfeitos", reforça Tim.
Ainda de acordo com o vocalista, esta atitude é mais evidente desde a "segunda fase dos Xutos", após a paragem em 1991, que levou os músicos para várias actividades. Zé Pedro e Kalu abriram o Johnny Guitar, e Tim entrou para os Resistência.
"Nunca mais aconteceu aquela cena do ‘empresta aí a guitarra’. Deixámos aquela fase do ‘é rock’n’roll’ e entrámos numa de maior responsabilidade", explica Tim.
DEPOIMENTO
"SÃO OS MELHORES GAJOS DO MUNDO" (Luís Montez, Promotor )
Primeiro foram as canções do ‘Cerco’, que passava clandestinamente nas madrugadas da Rádio Comercial. Como prémio, convidaram-me a assistir, numa garagem em Carcavelos, à construção das canções que iriam aparecer no ‘Circo de Feras’. Como fã corri Portugal de uma ponta à outra, na carrinha onde tinha direito a ouvir autênticas radionovelas inventadas pelo Gui e companhia. Resultado: chumbei pela primeira vez no 3.º ano do Técnico, mas ganhei um curso superior em Relações Humanas (os Xutos são os melhores gajos do Mundo!) e aprendi os primeiros passos nas produções de concertos ao vivo. Fiz dezenas de espectáculos com eles. A facilidade no trato e a simplicidade e verdade que colocam dentro e fora do palco fazem deles artistas únicos no panorama musical.
Luís Figueiredo Silva
“Concretizámos um sonho com os Stones”
A 27 de Setembro de 2003 os Xutos & Pontapés concretizaram um sonho: abrir para os Rolling Stones em Portugal, no Estádio Municipal de Coimbra.
"Fomos tratados como uma banda local", recorda Tim, entre risos, frisando a postura distante com que foram recebidos por Mick Jagger e companheiros.
"Aquele concerto deles era extradigressão e, quando recebemos o convite, dissemos logo que sim. Foi um pouco em cima, mas deu, estávamos livres e coincidiu", lembra Zé Pedro, acrescentando: "Ainda consegui dar um aperto de mão ao Keith Richards e ao Ron Wood."
"O Charlie Watts [baterista] viu o nosso concerto e, no final, estava eu por ali a beber uma cerveja, passou por mim e voltou atrás para me cumprimentar. ‘Bom concerto’, disse-me, e de seguida cumprimentou-me", recorda Kalu. "Foi muito simpático." "O feedback que recebemos por parte deles foi muito bom e caiu--nos bem. Tivemos só meia hora, mas saímos com o público a cantar ‘A Casinha’", recorda Zé Pedro. "Só aquela coisa de pisar a passerelle do Mick Jagger...", lança. E prossegue: "Há muitos anos, ainda com a primeira formação dos Xutos, lembro-me de estar com o Kalu, na praia de Stª Cruz, ali de manhã a olharmos o mar e a divagar: ‘Um dia ainda havemos de fazer a primeira parte dos Rolling Stones’", recorda Zé Pedro. "Realizámos um sonho", sublinha.
COMENTÁRIO
NUNO BRAANCAMP, PROMOTOR: "FORAM TÃO BONS OU ATÉ MELHORES DO QUE ELES"
"Tínhamos prometido aos Xutos que, logo que fosse oportuno, os gostaríamos de ver com uma banda grande. E não nos arrependemos. Foi uma actuação tão boa ou melhor do que a dos Rolling Stones. Os Xutos podem ter já ter dado muitos e bons concertos, mas o de Coimbra ficará para sempre na memória deles e de todos quantos lá estiveram. Foi um marco na carreira deles e marcante para nós enquanto promotores".
“Grande inspiração”
Ao fim de 30 anos de carreira e inúmeros sucessos, os Xutos & Pontapés podem orgulhar-se de serem também uma influência para várias bandas e não apenas no que à música diz respeito. O querer e a dedicação à música e aos fãs são qualidades que já inspiram muitos outros artistas.
"Admiro muito a resistência deles ao passar do tempo. Os Xutos estão sempre a trabalhar, têm sempre novas ideias a desenvolver", explicou Manuela Azevedo, dos Clã, que com mais 19 artistas (Boss AC e Sam, Da Weasel e Ornatos Violeta, entre outros) gravou há uma década o disco tributo ‘XX Anos XX Bandas’.
"Na altura, foi-nos dada a possibilidade de escolher a canção que queríamos e optámos pelo ‘Conta--me Histórias’, mas ainda fizemos uma versão de outra, o ‘Lei Animal’, que chegámos a tocar ao vivo umas quantas vezes. Mas a canção ideal para os Clã era mesmo o ‘Conta--me Histórias’, até porque a personagem feminina ajudou", lembrou.
Desde há dez anos, os Xutos & Pontapés não abrandaram e consolidaram o estatuto da mais popular banda portuguesa, alargando ainda mais a sua influência.
"Os Xutos são únicos e fundamentais na música que se faz em Portugal", acrescentou a vocalista dos Clã. "Eles são inspiradores, escreveram grandes canções que são verdadeiros hinos do pop/rock nacional, e isso é extraordinário e muito importante. São um incentivo, uma grande inspiração", acrescentou.
Segundo a vocalista Manuela Azevedo, outra das qualidades que contribui para a longevidade dos Xutos & Pontapés é a "entrega total ao espectáculo" sempre que sobem a um palco.
'CM' OFERECE SINGLE DIA 13
l Na próxima terça-feira, dia 13, os Xutos & Pontapés completam 30 anos de carreira. A data assinala a primeira vez que o grupo deu um concerto – a 13 de Janeiro de 1979, nos Alunos de Apolo, em Lisboa – e para marcar essa data o CM oferece aos seus leitores o primeiro single do novo disco da banda portuguesa, com o título ‘Quem é Quem’ (mais informação na revista ‘Vidas’). ‘Quem é Quem’ é o primeiro avanço ao novo disco dos Xutos, ainda sem título, que chegará ao mercado em finais do próximo mês de Março, altura em que o CM celebra também três décadas de existência. Esta iniciativa conta com o apoio da editora Universal.
"DESBRAVARAM TERRENO PARA O ROCK NACIONAL": Jónatas Músico, Os Pontos Negros
Apesar de não serem uma influência particular na música d’ Os Pontos Negros, os Xutos são de uma importância extraordinária no panorama musical de Portugal. Eles desbravaram terreno para o rock português e só por isso merecem todo o respeito. Que durem mais 30 anos."
Luís Figueiredo Silva
“A morte da Marta aproximou-nos mais”
Sete de Junho de 2007. No aeroporto de Lisboa, os Xutos preparam-se para embarcar para o Canadá, onde tinham concerto integrado nas comemorações do Dia de Portugal. Num ápice, a boa disposição perde-se. Marta Ferreira (44 anos), irmã de Kalu e manager do grupo, morrera ali mesmo. A viagem foi cancelada e os Xutos ficam como que órfãos.
"Foi muito esquisito. Ficámos todos atarantados", recorda o irmão Kabeca, hoje manager dos Xutos, "porque já estava na estrutura e nunca se pensou em substitui-la".
Marta liderava os destinos dos Xutos desde o início dos anos 90 e era muito mais do que a manager. "Ela era um pouco a nossa outra mãe, a mãe dos Xutos. Era querida de todos, não só dos músicos, mas da equipa técnica, roadies... íamos lá todos chorar. A primeira coisa que fazíamos pela manhã era ligar à Marta", lembrou. Lidar com tão trágica perda não foi fácil: "A única coisa em que conseguimos falar, dois ou três dias depois, foi que tínhamos mais um concerto e se o íamos fazer ou não. E fizemo-lo, não me lembro onde, mas fizemo-lo. Custou imenso, mas tínhamos a certeza de que era isso que ela queria".
Segundo Kabeca, "a Marta deixou a sua marca na cena musical portuguesa" e os Xutos fazem questão de honrar o modo como fazia as coisas à sua maneira. "Há aspectos que ela deixou, modos de fazer as coisas e ideias. Vamos fazer um estádio porque era uma ideia dela. E é no Restelo (em Setembro), porque era esse estádio que ela queria". E acrescentou: "Sem a Marta não é mesma coisa. Ela era um conforto que hoje não temos. A morte dela aproximou-nos mais, mas falta-nos sempre a Marta".
COMENTÁRIO
GIMBA, MÚSICO
"Eu sou o senhor Chutos & Pontapés. Eu fazia parte do grupo de gente quando a banda nasceu, no Outono de 1977, os Beijinhos e Parabéns. Mas era um nome foleiro e eu disse: ‘Porque não Chutos e Pontapés, mas com ch. Só depois disso é que o Zé Pedro pôs o anúncio no jornal".
‘Máquina’ dos Xutos trabalha em 13 temas
'Quem é Quem’, o novo single dos Xutos & Pontapés, que o CM oferece na sua edição de amanhã, é o primeiro avanço do novo álbum da banda, com edição prevista para o final do próximo mês de Março.
Sucessor de ‘O Mundo ao Contrário’, lançado há quase cinco anos, o novo trabalho promete ser um marco na carreira dos Xutos, e não apenas porque a banda celebra trinta anos de carreira.
Para tal, os Xutos estão totalmente concentrados no novo registo desde Outubro do ano passado, tendo por consequência reduzido a sua agenda de espectáculos. As gravações têm decorrido nos estúdios Namouche, em Lisboa, e ainda no BBS, em Vendas Novas. A produção é de João Martins, que já trabalhou, por exemplo, com os Da Weasel.
"Estamos a trabalhar numa base de 13 canções e serão essas que, em princípio, vão integrar o disco", revelou ao CM o guitarrista Zé Pedro. O 13 não é por acaso e é como que o ‘número mágico’ dos Xutos. Foi numa sexta-feira 13 (em Janeiro de 1979, nos Alunos de Apolo, Lisboa) que deram o primeiro concerto, tendo ainda dado o título ao 13º álbum do grupo, em 2001, de onde saiu o êxito ‘Fim do Mês’.
"As ideias apareceram, muitas e boas, por sinal, e depois foram sendo trituradas pela máquina Xutos", acrescentou. Ainda de acordo com Zé Pedro, "o João Cabeleira (guitarrista) assina três canções, uma delas uma balada incrível", adiantou.
O novo disco dos Xutos & Pontapés será o 15º da banda e coincide com os trinta anos desde que a banda pisou um palco pela primeira vez. Amanhã, no Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, os Xutos desvendam o programa de festas dos trinta anos.
COMENTÁRIO
FERNANDO RIBEIRO, MOOSPELL
"Os Xutos têm uma carreira feita de espontaneidade e quero expressar o nosso grande respeito. Nunca perderam as raízes e a vontade de descobrir música nova".
PS:Todo o texto que se encontra aqui foi tirado da edição online do Correio da Manhã,que eu resolvi juntar aqui porque estes depoimentos fazem parte da história da maior banda de rock em Portugal,e é natural que daqui a uns tempos eles já não estejam disponíveis no site.
Todos os textos são da autoria do Sr. Luís Figueiredo Silva a quem eu agradeço e dou os parabéns pelo trabalho feito nestes vários artigos
“Tínhamos feito só um ensaio”
A 13 de Janeiro de 1979 os Xutos & Pontapés pisaram pela primeira vez um palco, nos Alunos de Apolo, Lisboa. Um estoiro que assinalou o arranque de uma carreira prestes a completar 30 anos.
"Era o último concerto dos Faíscas e o Pedro Ayres Magalhães desafiou-nos. Ele queria que esta nova banda se estreasse ali", lembrou Zé Pedro. "Tínhamos feito só um ensaio, onde nos conhecemos todos, e o concerto surgiu em cima da hora. O Kalu tinha tido a primeira semana de tropa e, como não o conseguimos avisar, fui buscá-lo ao ralis, numa Vespa" recordou. Em palco, os Xutos fizeram história, ao tocarem "quatro temas em seis minutos: ‘Morte Lenta’, ‘Dados Viciados’, ‘Cão-Polícia, Cão’ e ‘Guerrilheiro Urbano’", lembraram.
"No fim perguntaram-me: ‘Então, já acabaram de afinar?’", lançou Kalu. Trinta anos depois, os Xutos lembram bem aquela sexta-feira. "Não houve reacção do público. Foi muito rápido", lembrou Zé Pedro. "No fim fomos festejar que haveríamos de ser a melhor banda do Mundo e que aquilo tinha sido só o começo", acrescentou. "Lembro-me de que alguém disse que éramos muito à frente, que tínhamos um som do ano 2000", lembrou Kalu.
"EXEMPLO RARO DE QUALIDADE E PERSEVERANÇA" (António Feio, Actor)
Acompanhei os Xutos desde o início e são, neste momento, uma das maiores referências do rock português. Pelo seu percurso, pela sua discografia, os Xutos são um exemplo raro de qualidade e de perseverança. Considero-me fã e acompanho o que eles vão fazendo, além de ser um grande amigo do Zé Pedro, com quem tenho grande afinidade.
Luís Figueiredo Silva
"Semen" passou na Radio Renascença
"Foi a primeira vez que entrámos num estúdio de gravação", lembra Zé Pedro, referindo-se ao primeiro registo discográfico dos Xutos & Pontapés. Foi em 1981, com ‘Toca e Foge’, que saiu no Verão de 1982.
"Gravámos logo quatro músicas num fim-de-semana. O [António] Sérgio foi à nossa sala de ensaios e escolheu os temas. Ele era o responsável da editora Rotação, que era um selo dentro da Rossil, do António Sala", acrescenta o músico.
Ao contrário do que é opinião comum, o polémico tema não foi vetado pela Rádio Renascença (RR). "Até estávamos bem cotados porque eles tinham um programa de maquetas e o ‘Sémen’ passava", lança Zé Pedro. "O tema não entrava na programação oficial da RR, mas a reacção maior e mais negativa foi com o ‘Avé Maria’. Esse é que não passava mesmo. Até aí não chateavam muito", lembra Tim.
Zé Pedro recorda ainda quando foi entregar uma cassete a António Sérgio, o radialista que apostou nos Xutos & Pontapés e nas primeiras gravações da banda que agora está prestes a celebrar o 30º aniversário: "Foi a única pessoa a quem entregámos a gravação de um ensaio".
"Fomos lá os dois e estivemos uma meia hora à espera dele na rádio", acrescenta Kalu. "Aí o Sérgio ficou com as orelhas em pé e quando apareceu esse selo da Rossil ele ficou logo muito interessado."
"ELES SABIAM MUITO BEM O QUE QUERIAM" (António Sérgio, Radialista)
É uma felicidade e uma festinha no ego ter ficado ligado à sua carreira mas se não fosse eu seria outro, de tal forma era evidente o seu talento. Comecei por ouvir uma cassetezinha miserável e mal gravada mas que tinha, entre oito temas, o ‘Sémen’. Só esse era uma mostra da força da banda. Eles sabiam muito bem o que queriam. Nem alguém muito surdo ia conseguir parar os Xutos. E a magia continua."
Luís Figueiredo Silva
Banda foi um trio durante meio ano
Em Maio de 1983, após a saída de Francis – Zé Leonel abandonara dois anos antes –, os Xutos & Pontapés ficaram reduzidos a trio. No entanto, Tim garante que o projecto "nunca esteve na corda bamba". "Pelo contrário", afirma o vocalista. "Ajudávamos-nos muito. Tínhamos a consciência de que funcionávamos bem como secção rítmica e íamos pondo pessoas a tocar connosco", lembra Tim. "Foi nessa fase que o [guitarrista João] Cabeleira nos ia ver por aí fora", acrescenta Kalu.
João Cabeleira pega na deixa e confessa as primeiras impressões que a banda lhe deixou: "A primeira vez que os vi foi em Alfama ["Não foi nada, foi na Mouraria", desmente o saxofonista Gui] e não achei nada de especial. Estavam a tocar com instrumentos de não sei quem e aquilo estava tudo desafinado. Mas a segunda vez que os vi, numa colectividade qualquer, aí foi demais, foi muito bom", recorda quem era então um dos Vodka Laranja e juntou-se aos Xutos & Pontapés a 22 de Novembro de 1983, permitindo que a banda lisboeta voltasse a ser um quarteto.
"Apesar de sermos só três aquilo funcionava", diz Tim. "Tínhamos as coisas organizadas de modo a podermos resistir a tudo. As músicas que estávamos fazer permitiam isso. A coisa ia rolando, estávamos a desbundar sem ter aquela coisa de tema fixo. Foi assim durante uns seis meses", recorda o vocalista.
CAIS DO SODRÉ
Nessa altura, João Cabeleira era um espectador atento e não perdia um concerto dos Xutos & Pontapés. "Tocámos uma vez no Noruega [bar do Cais do Sodré]", lança Gui. "Só fui ver. Não toquei nada", esclarece Cabeleira. "Não?", questiona Gui. Zé Pedro saca da memória: "Nessa altura já ensaiávamos juntos mas ele ainda não tocava ao vivo. Foi uma fase mais descontraída. A seguir passámos à fase do ‘Remar Remar’."
"HOJE SOMOS AMIGOS" (António M. Ribeiro, Voz dos UHF)
Lembro-me de haver alguma rivalidade entre os Xutos e os UHF, apesar de eles serem mais punk e nós mais rock, e de haver faísca quando eu e o Zé Leonel nos cruzávamos... Hoje somos amigos mas em 1979 não! Mas, como o que todos queríamos era tocar, até instrumentos trocámos e chegámos a tocar juntos, com os Xutos a fazer primeiras partes dos UHF, tal como nós fizemos, anos antes, as dos Aqui del-Rock."
Luís Figueiredo Silva
O Rock português já tinha desaparecido
Com ‘Circo de Feras’, terceiro álbum, lançado em Fevereiro de 1987, os Xutos disparam definitivamente rumo ao estrelato, após dois anos (1985 e 1986) em que consolidaram a popularidade e cruzaram pela primeira vez a fronteira para vários concertos em Espanha.
João Cabeleira (guitarra) e Gui (saxofones) estavam perfeitamente integrados, e com contrato com uma major, a Polygram, os Xutos sobrevivem ao boom de poucos anos antes. 'Por essa altura, o rock português já tinha desaparecido', recorda o vocalista. 'A malta estava com 20 e tais anos e tinha de fazer opções: ou eram músicos ou iam fazer outra coisa qualquer e aquilo acabava. Não foi o nosso caso', lembrou.
Os Xutos percorrem então o País em digressão, mas, recorda Tim, não eram os ‘maiores’. 'Os GNR estavam sempre um pouco à frente. Tinham singles mais populares, mais airplay', diz. 'Estavam há mais tempo numa editora grande', acrescenta Zé Pedro, salientando o maior apoio e promoção que uma major proporciona. 'Os Xutos andavam lá perto, mas o êxito relativo do ‘Circo de Feras’ serviu foi para dar mais concertos', dispara Tim. Após o single ‘A Casinha’, lançado em Dezembro de 1987 (vendeu perto de cem mil), os Xutos entram em 1988, gravam novo disco, ‘88’e fazem-se de novo à estrada para a maior digressão de um grupo rock em Portugal, com 60 concertos para mais de 240 mil pessoas. No final, no Pavilhão do Restelo, Lisboa, gravam ‘Xutos ao Vivo’, 'o único triplo álbum do rock português', afirmou Zé Pedro.
COMENTÁRIO
'HAVIA UMA RIVALIDADE, MAS ERA MUITO SAUDÁVEL': RUI REININHO, MÚSICO
'Havia rivalidade, mas era muito saudável. Nunca houve atritos de qualquer espécie. Lembro-me de uma vez, na Póvoa [do Varzim] em que eles estavam atrasados e nos pediram [aos GNR] para fazermos a primeira parte. E nós fizemos, sem qualquer problema, o que é sintoma de uma boa camaradagem. Tenho uma relação fantástica com os Xutos, o Zé Pedro toca no meu disco. E vou lá estar dia 13 na festa dos 30 anos. Xutos para sempre.'
Luís Figueiredo Silva
“Compararam-nos com o Marco Paulo”
Depois de celebrarem o 10º aniversário, em 1989, ano em que tocaram para um milhão de pessoas, de Macau a França, passando pela Suíça, Luxemburgo e, claro, Portugal, os Xutos entraram em 1990 a preparar novo álbum. ‘Gritos Mudos’ leva a banda ao Brasil mas no regresso “as coisas começaram a encalhar”, recorda Tim. “Quando chegámos levámos forte e feio”, lembrou Zé Pedro. “As críticas foram muito más em quase todo o lado. Chegaram a comparar o disco [‘Gritos Mudos’] ao do Marco Paulo”, acrescentou.
'Houve alguma falta de orientação. Tentámos entrar outra vez pela porta grande e quando chegámos do Brasil para estrear o álbum fomos para França [1ª Bienal do Rock, em Toulouse], onde tínhamos lançado uma colectânea de título ‘90’, que não deu em nada. Tocámos com Mano Negra e quando voltámos começámos a digressão, lembro-me perfeitamente, a chover a potes', recordou Tim. 'As datas estavam um pouco atamancadas, foi um pouco estranho. As coisas iam rolando mas um pouco mal estruturadas. O vídeo também correu mal. Estavam a vender-se televisões a cores e filmou-se a preto e branco', acrescentou.
'Por outro lado, a Polygram já tinha mais artistas nacionais e a promoção foi a normal', lembrou ainda. 'E isso começou a fazer-nos mal à cabeça', atirou Zé Pedro, justificando a paragem da banda em 1991.
COMENTÁRIO
'TENHO UM VINIL HISTÓRICO DO 'TOQUE E FOGE'’' (José Luís Peixoto, escritor)
Os Xutos têm ajudado a fazer a história da música. Para isso, contribuiu o facto da banda ser indissociável dos seus elementos: o Zé Pedro, mais punk; o Tim, mais pop; e o Cabeleira, mais misterioso. Antes do som, seduziu-me a atitude irreverente mas o que fez de mim incondicional foi ‘Circo de Feras’, do fim dos anos 80. E descobri este ano que tenho um vinil histórico da banda:’Toca e Foge’, de 1982.
Luís Figueiredo Silva
Diferença em palco é trunfo
Os Xutos & Pontapés nasceram no palco e, ainda que poucos tenham reparado na primeira prestação, a banda faz questão de impressionar a cada concerto. Profissionalismo, competência e respeito pelos fãs são aspectos que os Xutos não descuram nunca.
"O grande responsável por essa parte é o Kalu", revela Tim. "Ele acha que um concerto tem de ter uma imagem forte. Quando abrimos um espectáculo, aquela imagem tem de ficar, é com essa imagem que o público vai ficar. É uma preocupação que temos: a entrada tem de ser uma coisa que faça a diferença."
Segundo os Xutos, entrar forte não é a única preocupação que têm sempre que sobem a um palco. "A entrada forte acaba por condicionar um pouco o desenrolar do concerto", lança Tim.
"Tem que haver outros momentos fortes, pequenas coisas, como as bolas ou as strippers no Estádio de Alvalade [em 1993]", acrescenta Kalu. "São pequenas coisas que vamos fazendo, e a verdade é que nunca estamos satisfeitos", reforça Tim.
Ainda de acordo com o vocalista, esta atitude é mais evidente desde a "segunda fase dos Xutos", após a paragem em 1991, que levou os músicos para várias actividades. Zé Pedro e Kalu abriram o Johnny Guitar, e Tim entrou para os Resistência.
"Nunca mais aconteceu aquela cena do ‘empresta aí a guitarra’. Deixámos aquela fase do ‘é rock’n’roll’ e entrámos numa de maior responsabilidade", explica Tim.
DEPOIMENTO
"SÃO OS MELHORES GAJOS DO MUNDO" (Luís Montez, Promotor )
Primeiro foram as canções do ‘Cerco’, que passava clandestinamente nas madrugadas da Rádio Comercial. Como prémio, convidaram-me a assistir, numa garagem em Carcavelos, à construção das canções que iriam aparecer no ‘Circo de Feras’. Como fã corri Portugal de uma ponta à outra, na carrinha onde tinha direito a ouvir autênticas radionovelas inventadas pelo Gui e companhia. Resultado: chumbei pela primeira vez no 3.º ano do Técnico, mas ganhei um curso superior em Relações Humanas (os Xutos são os melhores gajos do Mundo!) e aprendi os primeiros passos nas produções de concertos ao vivo. Fiz dezenas de espectáculos com eles. A facilidade no trato e a simplicidade e verdade que colocam dentro e fora do palco fazem deles artistas únicos no panorama musical.
Luís Figueiredo Silva
“Concretizámos um sonho com os Stones”
A 27 de Setembro de 2003 os Xutos & Pontapés concretizaram um sonho: abrir para os Rolling Stones em Portugal, no Estádio Municipal de Coimbra.
"Fomos tratados como uma banda local", recorda Tim, entre risos, frisando a postura distante com que foram recebidos por Mick Jagger e companheiros.
"Aquele concerto deles era extradigressão e, quando recebemos o convite, dissemos logo que sim. Foi um pouco em cima, mas deu, estávamos livres e coincidiu", lembra Zé Pedro, acrescentando: "Ainda consegui dar um aperto de mão ao Keith Richards e ao Ron Wood."
"O Charlie Watts [baterista] viu o nosso concerto e, no final, estava eu por ali a beber uma cerveja, passou por mim e voltou atrás para me cumprimentar. ‘Bom concerto’, disse-me, e de seguida cumprimentou-me", recorda Kalu. "Foi muito simpático." "O feedback que recebemos por parte deles foi muito bom e caiu--nos bem. Tivemos só meia hora, mas saímos com o público a cantar ‘A Casinha’", recorda Zé Pedro. "Só aquela coisa de pisar a passerelle do Mick Jagger...", lança. E prossegue: "Há muitos anos, ainda com a primeira formação dos Xutos, lembro-me de estar com o Kalu, na praia de Stª Cruz, ali de manhã a olharmos o mar e a divagar: ‘Um dia ainda havemos de fazer a primeira parte dos Rolling Stones’", recorda Zé Pedro. "Realizámos um sonho", sublinha.
COMENTÁRIO
NUNO BRAANCAMP, PROMOTOR: "FORAM TÃO BONS OU ATÉ MELHORES DO QUE ELES"
"Tínhamos prometido aos Xutos que, logo que fosse oportuno, os gostaríamos de ver com uma banda grande. E não nos arrependemos. Foi uma actuação tão boa ou melhor do que a dos Rolling Stones. Os Xutos podem ter já ter dado muitos e bons concertos, mas o de Coimbra ficará para sempre na memória deles e de todos quantos lá estiveram. Foi um marco na carreira deles e marcante para nós enquanto promotores".
“Grande inspiração”
Ao fim de 30 anos de carreira e inúmeros sucessos, os Xutos & Pontapés podem orgulhar-se de serem também uma influência para várias bandas e não apenas no que à música diz respeito. O querer e a dedicação à música e aos fãs são qualidades que já inspiram muitos outros artistas.
"Admiro muito a resistência deles ao passar do tempo. Os Xutos estão sempre a trabalhar, têm sempre novas ideias a desenvolver", explicou Manuela Azevedo, dos Clã, que com mais 19 artistas (Boss AC e Sam, Da Weasel e Ornatos Violeta, entre outros) gravou há uma década o disco tributo ‘XX Anos XX Bandas’.
"Na altura, foi-nos dada a possibilidade de escolher a canção que queríamos e optámos pelo ‘Conta--me Histórias’, mas ainda fizemos uma versão de outra, o ‘Lei Animal’, que chegámos a tocar ao vivo umas quantas vezes. Mas a canção ideal para os Clã era mesmo o ‘Conta--me Histórias’, até porque a personagem feminina ajudou", lembrou.
Desde há dez anos, os Xutos & Pontapés não abrandaram e consolidaram o estatuto da mais popular banda portuguesa, alargando ainda mais a sua influência.
"Os Xutos são únicos e fundamentais na música que se faz em Portugal", acrescentou a vocalista dos Clã. "Eles são inspiradores, escreveram grandes canções que são verdadeiros hinos do pop/rock nacional, e isso é extraordinário e muito importante. São um incentivo, uma grande inspiração", acrescentou.
Segundo a vocalista Manuela Azevedo, outra das qualidades que contribui para a longevidade dos Xutos & Pontapés é a "entrega total ao espectáculo" sempre que sobem a um palco.
'CM' OFERECE SINGLE DIA 13
l Na próxima terça-feira, dia 13, os Xutos & Pontapés completam 30 anos de carreira. A data assinala a primeira vez que o grupo deu um concerto – a 13 de Janeiro de 1979, nos Alunos de Apolo, em Lisboa – e para marcar essa data o CM oferece aos seus leitores o primeiro single do novo disco da banda portuguesa, com o título ‘Quem é Quem’ (mais informação na revista ‘Vidas’). ‘Quem é Quem’ é o primeiro avanço ao novo disco dos Xutos, ainda sem título, que chegará ao mercado em finais do próximo mês de Março, altura em que o CM celebra também três décadas de existência. Esta iniciativa conta com o apoio da editora Universal.
"DESBRAVARAM TERRENO PARA O ROCK NACIONAL": Jónatas Músico, Os Pontos Negros
Apesar de não serem uma influência particular na música d’ Os Pontos Negros, os Xutos são de uma importância extraordinária no panorama musical de Portugal. Eles desbravaram terreno para o rock português e só por isso merecem todo o respeito. Que durem mais 30 anos."
Luís Figueiredo Silva
“A morte da Marta aproximou-nos mais”
Sete de Junho de 2007. No aeroporto de Lisboa, os Xutos preparam-se para embarcar para o Canadá, onde tinham concerto integrado nas comemorações do Dia de Portugal. Num ápice, a boa disposição perde-se. Marta Ferreira (44 anos), irmã de Kalu e manager do grupo, morrera ali mesmo. A viagem foi cancelada e os Xutos ficam como que órfãos.
"Foi muito esquisito. Ficámos todos atarantados", recorda o irmão Kabeca, hoje manager dos Xutos, "porque já estava na estrutura e nunca se pensou em substitui-la".
Marta liderava os destinos dos Xutos desde o início dos anos 90 e era muito mais do que a manager. "Ela era um pouco a nossa outra mãe, a mãe dos Xutos. Era querida de todos, não só dos músicos, mas da equipa técnica, roadies... íamos lá todos chorar. A primeira coisa que fazíamos pela manhã era ligar à Marta", lembrou. Lidar com tão trágica perda não foi fácil: "A única coisa em que conseguimos falar, dois ou três dias depois, foi que tínhamos mais um concerto e se o íamos fazer ou não. E fizemo-lo, não me lembro onde, mas fizemo-lo. Custou imenso, mas tínhamos a certeza de que era isso que ela queria".
Segundo Kabeca, "a Marta deixou a sua marca na cena musical portuguesa" e os Xutos fazem questão de honrar o modo como fazia as coisas à sua maneira. "Há aspectos que ela deixou, modos de fazer as coisas e ideias. Vamos fazer um estádio porque era uma ideia dela. E é no Restelo (em Setembro), porque era esse estádio que ela queria". E acrescentou: "Sem a Marta não é mesma coisa. Ela era um conforto que hoje não temos. A morte dela aproximou-nos mais, mas falta-nos sempre a Marta".
COMENTÁRIO
GIMBA, MÚSICO
"Eu sou o senhor Chutos & Pontapés. Eu fazia parte do grupo de gente quando a banda nasceu, no Outono de 1977, os Beijinhos e Parabéns. Mas era um nome foleiro e eu disse: ‘Porque não Chutos e Pontapés, mas com ch. Só depois disso é que o Zé Pedro pôs o anúncio no jornal".
‘Máquina’ dos Xutos trabalha em 13 temas
'Quem é Quem’, o novo single dos Xutos & Pontapés, que o CM oferece na sua edição de amanhã, é o primeiro avanço do novo álbum da banda, com edição prevista para o final do próximo mês de Março.
Sucessor de ‘O Mundo ao Contrário’, lançado há quase cinco anos, o novo trabalho promete ser um marco na carreira dos Xutos, e não apenas porque a banda celebra trinta anos de carreira.
Para tal, os Xutos estão totalmente concentrados no novo registo desde Outubro do ano passado, tendo por consequência reduzido a sua agenda de espectáculos. As gravações têm decorrido nos estúdios Namouche, em Lisboa, e ainda no BBS, em Vendas Novas. A produção é de João Martins, que já trabalhou, por exemplo, com os Da Weasel.
"Estamos a trabalhar numa base de 13 canções e serão essas que, em princípio, vão integrar o disco", revelou ao CM o guitarrista Zé Pedro. O 13 não é por acaso e é como que o ‘número mágico’ dos Xutos. Foi numa sexta-feira 13 (em Janeiro de 1979, nos Alunos de Apolo, Lisboa) que deram o primeiro concerto, tendo ainda dado o título ao 13º álbum do grupo, em 2001, de onde saiu o êxito ‘Fim do Mês’.
"As ideias apareceram, muitas e boas, por sinal, e depois foram sendo trituradas pela máquina Xutos", acrescentou. Ainda de acordo com Zé Pedro, "o João Cabeleira (guitarrista) assina três canções, uma delas uma balada incrível", adiantou.
O novo disco dos Xutos & Pontapés será o 15º da banda e coincide com os trinta anos desde que a banda pisou um palco pela primeira vez. Amanhã, no Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, os Xutos desvendam o programa de festas dos trinta anos.
COMENTÁRIO
FERNANDO RIBEIRO, MOOSPELL
"Os Xutos têm uma carreira feita de espontaneidade e quero expressar o nosso grande respeito. Nunca perderam as raízes e a vontade de descobrir música nova".
PS:Todo o texto que se encontra aqui foi tirado da edição online do Correio da Manhã,que eu resolvi juntar aqui porque estes depoimentos fazem parte da história da maior banda de rock em Portugal,e é natural que daqui a uns tempos eles já não estejam disponíveis no site.
Todos os textos são da autoria do Sr. Luís Figueiredo Silva a quem eu agradeço e dou os parabéns pelo trabalho feito nestes vários artigos
CM Oferece novo single dos Xutos
Os Xutos & Pontapés completam no próximo dia 13 três décadas de vida e, para assinalar a efeméride da melhor forma, o CM oferece nesse dia aos seus leitores o novo single do grupo.
O tema é o primeiro avanço do novo disco dos Xutos & Pontapés, que chegará ao mercado no final do próximo mês de Março. Zé Pedro, Tim, Kalu, João Cabeleira e Gui encontram-se de momento a dar os últimos retoques nas canções que vão integrar o disco. As gravações têm decorrido entre Lisboa e Vendas Novas. O disco, que sucede a ‘O Mundo ao Contrário’, lançado em 2004, conta com produção de João Martins.
A oferta do novo single dos Xutos & Pontapés é uma iniciativa que conta com o apoio da editora Universal e acontece no ano em que a banda e o Correio da Manhã celebram 30 anos.
Para assinalar tão ilustre percurso, os Xutos & Pontapés vão fazer de 2009 um ano bastante preenchido. Já no próximo dia 13 – quando o CM oferece o single –, o grupo toca numa festa especial a realizar no Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações.
Apesar das origens da formação remontarem a 1978, os Xutos & Pontapés assinalam o seu nascimento a 13 de Janeiro de 1979, data em que subiram pela primeira vez a um palco. Aconteceu nos Alunos de Apolo, em Campo de Ourique, Lisboa, numa festa destinada a assinalar os 25 anos do rock’n’roll e a despedida dos Faíscas, banda de Pedro Ayres de Magalhães.
O tema é o primeiro avanço do novo disco dos Xutos & Pontapés, que chegará ao mercado no final do próximo mês de Março. Zé Pedro, Tim, Kalu, João Cabeleira e Gui encontram-se de momento a dar os últimos retoques nas canções que vão integrar o disco. As gravações têm decorrido entre Lisboa e Vendas Novas. O disco, que sucede a ‘O Mundo ao Contrário’, lançado em 2004, conta com produção de João Martins.
A oferta do novo single dos Xutos & Pontapés é uma iniciativa que conta com o apoio da editora Universal e acontece no ano em que a banda e o Correio da Manhã celebram 30 anos.
Para assinalar tão ilustre percurso, os Xutos & Pontapés vão fazer de 2009 um ano bastante preenchido. Já no próximo dia 13 – quando o CM oferece o single –, o grupo toca numa festa especial a realizar no Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações.
Apesar das origens da formação remontarem a 1978, os Xutos & Pontapés assinalam o seu nascimento a 13 de Janeiro de 1979, data em que subiram pela primeira vez a um palco. Aconteceu nos Alunos de Apolo, em Campo de Ourique, Lisboa, numa festa destinada a assinalar os 25 anos do rock’n’roll e a despedida dos Faíscas, banda de Pedro Ayres de Magalhães.
Parabéns Xutos
Parabéns a todos que contribuem para o culto de seu nome Xutos e Pontapés fazer hoje dia 13 de Janeiro 30 anos de carreira.Pessoalmente só tenho de agradecer por todos os momentos bons que já passei graças a vocês(Xutos)e no fundo quando eu olho para vocês a mensagems que vocês passam é que com dedicação a uma causa e com empenho tudo é possível, e principalmente vocês são o exemplo que é possível fazer-se grandes carreiras mesmo cantando na lingua de Camões,é preciso é não se desisitir de um sonho na 1ª adversidade.como vocês dizem o que é preciso é "remar remar...forçar a corrente"
Mais uma X muito obrigado por tudo e muitos parabéns
Mais uma X muito obrigado por tudo e muitos parabéns
2009-01-03
A estrutura do palco na tour de 2007
As várias secções do palco da tour de 2007 aqui apresentados neste vídeo
2009-01-01
Xutos na Sic Noticias a falar dos 25 anos de carreira
Entrevista feita na altura dos 25 anos onde eles comparam como era tudo quando começaram e como é 25 anos depois
Subscrever:
Mensagens (Atom)